Via Vera Cruz





Via Vera Cruz é um conclave de Bruxaria Tradicional, nascido de uma variedade de caminhos e estradas tradicionais mundiais que se encontraram dentro do solo abençoado de Vera Cruz, também conhecido como Brasil

Por Bruxaria entendemos a realidade mito-poética da Arte, que pertence à humanidade como um todo. A Bruxaria Tradicional é uma paisagem coerente de simbolismos tradicionais e sabedorias que podem trazer o conhecimento do Propósito e Destino aos peregrinos. 

Por Tradição entendemos uma sucessão de saber, que pode ocorrer vertical e horizontalmente, de correntes iniciáticas que mantêm uma visão tradicional mundial e perene. É esta sucessão que declara a Via Vera Cruz como um corpo tradicional de Bruxaria. 

A Via Vera Cruz adere à doutrina de reintegração, e trabalha em direção a uma união do que está fragmentado e disperso. Podemos ver a bruxaria como somente um dos vários idiomas simbólicos que unem a sabedoria tradicional a um eixo, fluindo de muitos onde estão as possibilidades manifestadas da riqueza dentro do Uno.  

Como tal, a Via Vera Cruz está plantada sob o Cruzeiro do Sul, como uma encruzilhada de mundos, buscando ascensão.

A natureza e propósito da Via Vera Cruz é o de servir como uma amálgama iniciática entre as alturas e as profundidades, entre Inferno e Céu, onde nossa elevação deve ser observada, e assim, a Via Vera Cruz servirá um ponto tripartido de poder, que ativa o peregrino a facilitar sua elevação à mesa do banquete dos vitoriosos. Ao considerar a Via Vera Cruz como um ponto de poder, isto indicará que ela é uma expressão da Arte Sem Nome e Eterna, desconectada de um círculo de devotos. Ela é muito mais um círculo de Um encontrando-se com Um, na fórmula de Um multiplicado por Um, em uma mescla de sua própria Natureza Perfeita, que é a meta última. 

Como tal, o propósito é o de dar à luz uma nova raça de sábios, bruxos-sábios, que almejam o rejuvenescimento da alma e o retorno da Era Dourada, onde o poder e conhecimento corriam livremente nos rios de vinho e mel do jardim edênico da sabedoria.

Certamente, grupos de trabalho focados no cultivo deste ponto de poder irão e deverão ser ressuscitados, cada grupo sujeito ao juramento e iniciação seguindo o ponto de poder forjado em sua própria singularidade a existir por um tempo, curto ou infinito, que se julgar necessário e útil. E assim, a Via Vera Cruz é considerada como um coletivo de homens e mulheres bons e honrados, em bons termos, encontrando-se na mesa redonda do círculo como iguais, sob uma hierarquia tradicional quando em operação, replicando as hierarquias celestes e infernais. Cada círculo é sustentado pelo pilar natural do grupo, mais adequado a auxiliar e trazer progressos no trabalho para o melhor resultado de cada praticante. Deste modo, a magia celestial e eclesiástica do peregrino, através do caminho de mistérios, irá se combinar com o caminho da Arte dos Sábios e a magia do povo sábio, como os três nós de três cores da sabedoria. Isto é demonstrado pelo ciclo ritual chamado de “Três Círculos do Exílio” que segue os mistérios da Lua, do Sol, e finalmente do zodíaco, dos planetas e estrelas, tanto as fixas como as demais. Este ciclo ritual pode ser entendido como sinônima à escada de ‘Hermes Trismegisto’. Estas três fases designam as fases da ascenção à montanha dos vitoriosos, onde aqueles que se firmam e não caem, e se reúnem em supremacia.

Exílio significa uma condição onde se é lançado para longe de seu domicílio ou fundação segura. É uma avaliação de avanço, de abandono de impurezas e imperfeições, e ao mesmo tempo um período de se situar em domínios estrangeiros e alienígenas. 

Considerando estes fatores aqui apresentados até agora, é correto e justo dizer que a Via Vera Cruz mira em direção ao nascimento de uma raça completamente nova de 'bruxos' ou melhor, sábios, desde que é esta a herança tradicional que vemos por nós continuada. Este é legado dos doutores dos planetas, conjuradores de espíritos e nigromantes herméticos que viajavam com igual facilidade em meio aos espíritos da terra e das casas celestiais, assim como faziam entre as plantas que os ensinavam, espíritos dos campos e os elementos. Assim, a Via Vera Cruz será o vínculo para a continuação das Artes Sábias, em honra ao legado do povo sábio, sejam eles de Albion ou Pindorama, sendo eles Francis Barett ou a “benzedeira” local, o astrólogo ou a cartomante, o divino artista que por telesmata atrai os poderes dos céus ou o curandeiro que administra o veneno da planta, o espírito para a proteção ou cura. Tudo isto será refletido na gramática da Cruz Verdadeira.

A Via Vera Cruz não pode ser limitada a um sistema específico, nem pela destruição dos sistemas existentes para uso fragmentário, ou pela contravenção da ressurreição da ilusão e da temerária fantasia sobre a fundação da Cruz Verdadeira. O segredo do Vitorioso descansa na maestria das Artes Sábias, na perfeição dela, no conhecimento e compreensão de ambas as montanhas de ascensão e as redes subterrâneas que as conectam. Nisto são encontradas a ordália e tentação, a confissão e a redenção – e tudo isso trará a liberdade ao peregrino e o colocará no pólo imóvel da criação, onde aqueles que permanecem erguidos não caem.