O Sangue dos Mortos

por Azazayin

Através do planeta e da terra, através dos veios e fluxos subterrâneos o sangue dos nossos antepassados corre. A própria Terra está em nosso sangue. Dos humanos, através dos animais e répteis – todo o caminho volta para a Árvore dos Antigos que estende suas raízes profundas dentre as cavernas das memórias esquecidas, onde elas nutrem sua sabedoria nos ossos dos nossos antepassados.

Oráculos foram esculpidos em madeira exatamente por isto. O conhecimento dos nossos ancestrais, as árvores, foi comunicado à Odin, o deus-homem da Escandinávia, pela escolha das runas em seu ato de auto-sacrifício para ele mesmo. Por este ato e por esta ação ele se aprofundou para dentro da memória arcana dos deuses e homens e recuperou esta sabedoria. Nosso familiares, sejam eles cachorros ou sapos, pássaros ou serpentes, gatos ou javalis, são testemunhas vivas à nossa linhagem, nosso senso de afinidade com a natureza, nossa corda de sangue que se estende através do tempo e dentro do círculo do Um.

Muito tem sido dito sobre o Sangue-Bruxo e a marca, e pouco devo dizer aqui sobre este mistério da arte sábia, mas sob os nossos pés descansa o primeiro passo para esta realização. Pelo despertar dos Silentes que descansam dentro da lama e terra, água e raízes do planeta em si, o legado do Sábio deve estar evidente, assim, você clama no vale do conhecimento, mas pode receber somente o eco de sua própria fantasia, ou realmente a voz que fala ao herdeiro vivo.

Então, você deve aderir a este primeiro mandamento, que deves venerar aos Mortos Poderosos solenemente, pois neles jazem as raízes do sangue para o verdadeiro tornar.

O Rito para Sangrar a Noite sobre a Terra
Um ritual para alimentar as Bruxas da Terra

Escolha bem se a Lua deve ser de Sangue ou Leite e sob esta Lua, oculta ou exposta, é que você irá à árvore poderosa que será um Carvalho, Mangueira ou Salgueiro, ou aquela que seu Coração te disser. Em sua raiz você adaptará de seus galhos caídos uma cruz com braços iguais, e a prenderá com a grama ou vinha. Esta cruz será colocada no lado do norte da árvore e você deve falar para a cruz as seguintes palavras:-

Quatro estradas encontram e quatro estradas partem 
No centro de Tudo eu vim para comungar com os Silentes
Por esta Cruz eu chamo o legado do meu Sangue
Esta é a Verdadeira Cruz, a Cruz do peregrino que conhece sua estação e lugar de repouso Permita-me repousar novamente nos braços de minha família
Grandes Deuses, imortais e eternos, ouçam-me, assim como os desperto de seu sono e silêncio

Você então traçará o sinal da terra para proteção e comunicação, assim como o andarilho solitário nos ensinou, e que é conhecido como a bússola do sábio e o capacete de Ygg, com farinha branca como osso, ou pó de ossos propriamente. Você então colocará a cruz sobre ele e com vinho e leite alimente a cruz e o solo, em cada ponto da cruz e seu centro, e você então declarará aos poderes dos Antigos de que você tem clara determinação e pura orientação:-

Sob a Estrela Ressuscito a Cruz
Viajei a este ponto onde tudo está quieto
Descartarei toda falsidade e seguir adiante dentre os Pastos do reino Dourado da Rainha
Sob a estrela, permaneço erguido e não caído
Sob a estrela rezo para Ti Meu formoso daemon de minha própria essência Verdadeira
Meu espírito guarda e aliados da Noite
Todos os que me trouxeram a este Ponto
Sob a Estrela Onde eu ergo A Cruz Verdadeira que faz tremer toda a falsidade através de seus grandes poderes
Como Um na companhia de muitos que eu ergui
A Cruz Verdadeira sob a Estrela

Agora levante a cruz e faça um buraco pequeno no centro do sinal. Alimente este buraco com uma única gota de seu próprio sangue, tirado do dedo mais longo em sua mão esquerda. Você então colocará três feijões pretos em sua boca para tomar sua saliva. Coloque-os no buraco juntamente com uma moeda de prata. Coloque a cruz sobre o buraco e chame aos Mortos Poderosos:-

Despertem de seu sono, oh Mortos Poderosos desta Terra Abençoada!
Despertem e levantem das câmaras silenciosas no coração da terra
Sou eu, ..... que está lhes chamando
Pelo sangue e sinal
Pelo Coração e carvão Pela Lei que ata a Verdade
Pela guirlanda de rosas e o Mistério do Crânio
Através e pelos sacramentos eu lhes chamo ao banquete de Um
Venham em meu auxílio, belos e feios Hoste Feérica e noivas da Morte
Os que trocam de pele os mortos-vivos
Todos vós, sábios que um dia Caminharam sobre esta terra
Eu lhes chamo para que uma vez mais caminhem sobre este Solo
Então libertem-se do centro do silêncio
Libertem-se do centro da terra
E vejam-me, assim como desenho o sinal do Tornar-me um com o Sangue Ancestral
E vejam-me, assim como alimento o solo para despertá-los todos, para se erguerem dentre O Banquete de Um
E comuniquem-me As respostas que busco
E dêem-me Os remédios que necessito
E venham ao meu auxílio nesta hora de Necessidade
Pelo sacramento e poder do Coração
Pelos dons e sinceridade
Pelo meu Juramento
Eu lhes chamo Para testemunhar o chamado de Um à sua própria raça
Despertem!
Despertem!
Despertem!
Amém! Amém! Amém!

Deite agora sua cabeça sobre a cruz e permita que o espírito ouça da necrópole sob as raízes para tomá-lo e responder à você, guiá-lo e abençoá-lo. Você então trará a cruz para sua alcova, e à noite, quando você quiser que seu sangue corra em suas veias e lhe ensine sobre suas necessidades, você a colocará em um altar no nível de sua cabeça, com um copo de vinho tinto de sangue, e a água deve estar nos lados da cruz. Se você achar que cabe decorar a cruz, faça-o com folhas de bambu. Por este ato necromântico o morto deve falar, e o sangue voltar contra o grão, para que você veja teu legado e a sabedoria, ou loucura que vem disto.

Nota: Este ritual faz parte do corpus da Via Vera Cruz, um círculo tradicional da Arte Sábia, gentilmente cedido para publicação.

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